Igreja e Estado*
por José Pedro Galvão de Sousa (*1912 - +1992)
A Sociedade civil tem um fim temporal. Os homens nela reunidos, através das famílias e de outros grupos que a compõem, procuram os bens de que carecem, mediante um esforço comum coordenado pela autoridade que a governa.
Esse mesmos homens têm um fim sobrenatural. Acham-se de passagem neste mundo. Peregrinos em demanda da Eternidade, conforme o seu viver terreno receberão a eterna recompensa ou o castigo eterno.
A graça de Deus permite-nos vencer a nossa própria natureza, que, em consequência da queda dos nossos primeiros pais, se tornou rebelde e inclinada para o mal. Essa vitória sobre o "eu", sobre o homem velho do pecado, que está em cada um de nós, significa o vivermos a vida do homem novo pela graça de Cristo Redentor. É, pois, uma vitória sobre a natureza corrompida pelo pecado; é a elevação do homem, alcançando a sua perfeição, pela união com Deus, a cuja imagem e semelhança ele foi criado.
A ordem da graça é infinitamente superior à ordem natural dos sentidos (vida corporal) ou à da inteligência.
O naturalismo dos nossos dias quer reduzir a vida humana a estas ordens inferiores. Daí provém, na organização das sociedades políticas, a concepção do Estado leigo ou secularizado, que fecha os olhos ao fim sobrenatural do homem.
O Estado tem um fim precipuamente temporal, que, por isso mesmo, se subordina ao fim superior e último do homem. Cabe-lhe, pois, proporcionar a todos condições de ordem temporal que não prejudiquem, mas antes favoreçam o bem espiritual.
Daí as relações entre a sociedade política e a sociedade religiosa ou a Igreja.
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