quarta-feira, 6 de julho de 2022

O RESSUSCITADO - MILAGRE DO PADRE PIO

O RESSUSCITADO -  MILAGRE DO PADRE PIO

Padre Jean Derobert com o Padre Pio


Foi fuzilado, mas um milagre do Padre Pio trouxe-o de volta à vida: ele explica o que viu no Céu.

Trata-se do testemunho credenciado que o sacerdote deu juramentado ao processo de canonização do Padre Pio e que se reproduz integralmente abaixo:

Querido padre: 

Pediram-me um resumo por escrito da evidente proteção de que fui alvo em agosto de 1958, durante a guerra da Argélia.

Naquela época eu fazia parte dos serviços de saúde do exército. Tinha observado que, nos momentos importantes da minha vida, o Padre Pio, que me tinha tomado como seu filho espiritual desde 1955, me fazia chegar uma carta na qual me prometia sua oração e apoio. Fê-lo antes do meu exame na Universidade Gregoriana de Roma, e voltou a fazê-lo no momento em que tive que me juntar aos combatentes da Argélia.

Hora do fuzilamento
Uma noite, um comando da FLN (Frente de Libertação Nacional argelina) atacou nossa aldeia e eu rapidamente fui preso.

Fui levado para um portal junto com outros cinco militares e fuzilado lá. Lembro-me de não pensar nem no meu pai nem na minha mãe, apesar de ser filho único, mas apenas experimentei uma grande alegria porque "estou disposto a ver o que há do outro lado".

Nessa mesma manhã tinha recebido uma carta do Padre Pio com duas linhas manuscritas que diziam: “A vida é uma luta, mas leva à luz” (sublinhado duas ou três vezes).

Imediatamente experimentei a descorporeização. Vi meu corpo ao meu lado, que estava coberto de sangue entre meus camaradas assassinados. E eu comecei uma curiosa ascensão por uma espécie de túnel.

Da nuvem que me rodeava surgiam rostos conhecidos e desconhecidos. No início, aqueles rostos eram sombras; eram pessoas pouco recomendadas, pecadores pouco virtuosos. À medida que ascendia, os rostos com que eu encontrava estavam cada vez menos luminosos.

Fiquei surpreso com o fato de poder andar. Disse a mim mesmo que estava fora do tempo e que, portanto, tinha ressuscitado. Fiquei surpreso por ver tudo ao meu redor sem ter que mexer a cabeça. Fiquei surpreso em sentir a dor dos ferimentos causados pelas balas das espingardas. E eu percebi que elas tinham penetrado no meu corpo tão rápido que não pude senti-las no primeiro instante. 

De repente, meus pensamentos se dirigiram aos meus pais. Imediatamente me deparei em minha casa, em Annecy, no quarto dos meus pais, que contemplei enquanto dormiam. Tentei falar com eles, mas não consegui. Fiz uma visita no apartamento e notei que uma mobília tinha sido mudada de lugar. Alguns dias depois escrevi para minha mãe e perguntei por que ela tinha trocado aquela mobília. Ela respondeu-me por carta: "Como você sabe? ”.

Pensei no Papa Pio XII, que conhecia bem (estudei em Roma) e, de repente, encontrei-me no seu quarto. Tinha acabado de dormir. Conversamos trocando pensamentos, pois ele era um homem muito espiritual.

Continuei minha ascensão até que me deparei no meio de uma paisagem maravilhosa, envolto em uma luz doce e azul. No entanto, não havia sol, "porque o Senhor os iluminará", como diz o Apocalipse.

Vi milhares de pessoas, todas com cerca de 30 anos, mas encontrei algumas que tinha conhecido quando estavam vivas. Uma tinha morrido com oitenta anos e parecia ter 30, outra tinha morrido com dois anos e todas tinham a mesma idade.

Deixei aquele "paraíso" repleto de flores extraordinárias e desconhecidas na terra. E eu ascendi ainda mais. Lá perdi minha natureza humana e me tornei uma "gota de luz".

Vi muitas outras "gotas de luz" e soube que uma era São Pedro, outra Paulo, outra João, ou um apóstolo, ou um santo.
Depois vi Maria, maravilhosamente linda com seu manto de luz, que me acolheu com um sorriso indescritível. Por trás dela estava Jesus, maravilhosamente lindo, e por trás, uma área de luz que eu sabia que era o Pai, e na qual eu mergulhei.

Lá senti a satisfação total de todos os meus desejos. Conheci a felicidade perfeita.

De volta à vida:

E bruscamente me encontrei na terra, com o rosto no pó, entre os corpos cobertos de sangue dos meus camaradas.

Eu notei que a porta que eu estava estava cheia de balas, as balas que tinham atravessado meu corpo, que minhas roupas estavam furadas e cobertas de sangue, que meu peito e minhas costas estavam manchados de sangue praticamente e levemente viscosa. Mas que estava intacto. Fui ver o comandante com aquela pinta. Ele veio até mim e gritou: "Milagre! ”.

Sem dúvida essa experiência me marcou muito. Mais tarde, quando, libertado do exército, fui visitar o Padre Pio, este me viu de longe na sala de São Francisco. Ele me fez um gesto para eu aproximar e me ofereceu, como sempre, uma pequena demonstração de carinho.
A seguir ele me disse estas palavras simples:

“Ai! O quanto você me fez passar! Mas o que você viu foi lindo! ”. E aí se acabou a explicação dele.

Agora você pode entender por que eu não tenho medo da morte... Porque eu sei o que está do outro lado.

[Padre Jean Derobert foi filho espiritual do Padre Pio. Faleceu em 2013 e escreveu um livro sobre a vida deste santo intitulado Padre Pio, transparente de Deus. Padre Pio foi canonizado em 2002 pelo Papa João Paulo II com o nome de São Pio de Pietrelcina. ]

Texto do Padre Reinaldo Bento


domingo, 3 de julho de 2022

A Descriminalização do Aborto - Dom Julio Endi

A Descriminalização do Aborto


A descriminalização do aborto pode ser considerada uma “política pública”? 

Esse tema sempre volta para a discussão. Espero poder contribuir para fazer refletir.

Devemos nos lembrar que as leis são criadas para defender e preservar valores e bens importantes para o indivíduo e para a sociedade.

A lei que criminaliza o aborto provocado está a serviço de um valor altíssimo, que é a vida do nascituro. Se lhe negamos esse direito, tiramos dele todos os outros. Que sociedade é essa que considera normal atentar contra a vida humana já no seio da mãe? Que sociedade vamos construir, se decretamos por lei que “até tantas semanas” a vida humana pode ser extirpada?

A vida que ainda não nasceu é vida humana desde a sua concepção. Ela não se torna “humana” só depois de algumas semanas, por exemplo. Quando uma mulher fica grávida a sua gestação não é algo indefinido: ela só fica grávida de gente, que é gente desde o início, e não somente depois de 13 ou menos semanas.

Nenhuma lei pode dar ou conceder a dignidade humana. Ela só pode reconhecer, proteger e defender a dignidade humana. Ser gente não é uma concessão da lei; é um fato da natureza, que precede à própria legislação.

Sendo o nascituro um ser vivo da mesma espécie de quem o gerou, o aborto interessa à sociedade como um todo. Cabe à comunidade humana civilizada fazer leis e cuidar de sua aplicação, quando se trata de proteger e defender os inocentes e indefesos. Do contrário, ela deixa de ser civilizada e passa a ser uma sociedade cruel e desumana.

O aborto é crime? Para responder a essa pergunta, basta perguntar: matar uma pessoa, matar uma vida humana é crime? A finalidade da lei que criminaliza o aborto não é primeiramente a penalização da mãe, mas a proteção do seu filho e dela mesma.

É preciso ficar claro também que não penalizar a mãe que aborta é diferente de descriminalizar o aborto. Não penalizar a mãe que aborta pode ser uma decisão para não impor à mãe uma pena a mais ao sofrimento e ao trauma que todo aborto causa e que dura a vida toda. Descriminalizar o aborto é outra coisa bem diferente: é institucionalizar a extirpação da vida humana já na sua fase inicial; é apregoar com a lei que eliminar a vida inicial e frágil não causa drama de consciência nem dano para a vida em sociedade.

Argumenta-se, também, que a lei que qualifica o aborto voluntário como crime limita os direitos fundamentais da mulher e desrespeita a sua autonomia, a sua dignidade e a sua integridade física e psíquica. O que está na base desse argumento é a visão do filho como um agressor de sua mãe. É a maternidade (e também a paternidade) uma doença que macula a dignidade da mulher? A fertilidade é um problema, um peso, uma desgraça? Gerar filhos é saúde e não o contrário! Saúde pública não é esterilização nem aborto! Aborto é exatamente o contrário de saúde pública!

Por fim, a lei que condena o aborto, deve ter também como consequência a proteção da gestante mediante políticas públicas eficazes para a vida de ambos.

Concluo, voltando ao Evangelho: Não desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus. Jesus nos adverte para não desprezar nenhum desses pequeninos que têm alguns centímetros de corpo, cujo coração bate baixinho, que ainda não viram a luz deste mundo. Os seus anjos têm contato direto com o Pai, veem sem cessar a sua face. Rezemos para que não nos venha esta vergonha diante de Deus; que a face do Pai não seja ferida por uma mortandade que só aumentará com a aprovação do aborto. Mobilizemo-nos para que não nos seja imposta uma lei tão injusta para com os mais frágeis e vulneráveis que são os nascituros.

 

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

Fonte: https://arquidiocesesorocaba.org.br/a-descriminalizacao-do-aborto/ 


NOVENA EM HONRA A SÃO THOMAS MORE

Novena de Santo Thomas More

composta por Anita Moore; tradução de D.J.

 

Primeiro dia

Caríssimo Santo Thomas More, em tua vida terrena, foste modelo de prudência. Nunca participaste, precipitadamente, de nenhum empreendimento grave, mas, ao contrário, provaste o valor de tuas capacidades e esperaste na vontade de Deus em oração e penitência, para somente então agir com audácia e sem hesitação.

Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai...

Glorioso Santo Thomas More, imploro que defendas minha causa, confiante de que advogarás por mim diante do trono de Deus com o mesmo zelo e diligência que assinalaram tua vida na terra. Se for da vontade de Deus, concede-me o favor que te peço, ou seja, _______.

V. Roga por nós, ó Bendito Santo Thomas More.

R. Para que te sigamos fielmente no árduo caminho que conduz à porta estreita da vida eterna.

 

Segundo dia

Caríssimo Santo Thomas More, em tua vida terrena, foste modelo de diligência. Fugiste à procrastinação, aplicaste-te com fervor aos estudos e não poupaste esforços para alcançar a maestria em tuas aptidões.

Por meio de tuas orações e intercessão, concede-me a virtude da diligência e persistência ao me preparar para todo e qualquer projeto.

Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai...

Glorioso Santo Thomas More, imploro que defendas minha causa, confiante de que advogarás por mim diante do trono de Deus com o mesmo zelo e diligência que assinalaram tua vida na terra. Se for da vontade de Deus, concede-me o favor que te peço, ou seja, _______.

V. Roga por nós, ó Bendito Santo Thomas More.

R. Para que te sigamos fielmente no árduo caminho que conduz à porta estreita da vida eterna.

 

Terceiro dia

Caríssimo Santo Thomas More, em tua vida terrena, foste modelo de laboriosidade. Tu te dedicaste de todo o coração a tudo quanto fizeste, encontrando alegria até mesmo nos mais graves empreedimentos.

Por meio de tuas orações e intercessão, concede-me a graça de ter sempre uma ocupação adequada, a graça de fazer com interesse tudo o que me convém e a fortaleza de sempre buscar a excelência naquelas tarefas que Deus me confiar.

Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai...

Glorioso Santo Thomas More, imploro que defendas minha causa, confiante de que advogarás por mim diante do trono de Deus com o mesmo zelo e diligência que assinalaram tua vida na terra. Se for da vontade de Deus, concede-me o favor que te peço, ou seja, _______.

V. Roga por nós, ó Bendito Santo Thomas More.

R. Para que te sigamos fielmente no árduo caminho que conduz à porta estreita da vida eterna.


Quarto dia

Caríssimo Santo Thomas More, em tua vida terrena, foste um advogado brilhante e um juiz justo e compassivo. Observaste os mínimos detalhes de teus deveres legais com a maior diligência, e foste infatigável em tua busca pela justiça temperada com a misericórdia.

Por meio de tuas orações e intercessão, concede-me a graça de vencer toda tentação à lassidão, toda arrogância e julgamento precipitado em meus deveres (legais).

Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai...

Glorioso Santo Thomas More, imploro que defendas minha causa, confiante de que advogarás por mim diante do trono de Deus com o mesmo zelo e diligência que assinalaram tua vida na terra. Se for da vontade de Deus, concede-me o favor que te peço, ou seja, _______.

V. Roga por nós, ó Bendito Santo Thomas More.

R. Para que te sigamos fielmente no árduo caminho que conduz à porta estreita da vida eterna.


Quinto dia

Caríssimo Santo Thomas More, em tua vida terrena, foste modelo de humildade. Nunca permitiste que o orgulho te levasse a aceitar tarefas acima de tuas capacidades; mesmo em meio à riqueza e honra terrenas, nunca te esqueceste de tua total dependência do Pai celeste.

Por meio de tuas orações e intercessão, concede-me a graça de crescer em humildade e a sabedoria de não superestimar minhas capacidades.

Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai...

Glorioso Santo Thomas More, imploro que defendas minha causa, confiante de que advogarás por mim diante do trono de Deus com o mesmo zelo e diligência que assinalaram tua vida na terra. Se for da vontade de Deus, concede-me o favor que te peço, ou seja, _______.

V. Roga por nós, ó Bendito Santo Thomas More.

R. Para que te sigamos fielmente no árduo caminho que conduz à porta estreita da vida eterna.

 

Sexto dia

Caríssimo Santo Thomas More, em tua vida terrena, foste esposo e pai exemplar. Foste dedicado e fiel a ambas as tuas esposas, além de provedor diligente e modelo de virtude para teus filhos.

Por meio de tuas orações e intercessão, concede-me a graça de um lar feliz, paz em minha família, e força para perseverar na castidade segundo meu estado de vida.

Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai...

Glorioso Santo Thomas More, imploro que defendas minha causa, confiante de que advogarás por mim diante do trono de Deus com o mesmo zelo e diligência que assinalaram tua vida na terra. Se for da vontade de Deus, concede-me o favor que te peço, ou seja, _______.

V. Roga por nós, ó Bendito Santo Thomas More.

R. Para que te sigamos fielmente no árduo caminho que conduz à porta estreita da vida eterna. 

 

Sétimo dia

Caríssimo Santo Thomas More, em tua vida terrena, foste modelo de fortaleza cristã. Padeceste luto, desgraças, pobreza, prisão e morte violenta, e, não obstante, suportaste tudo com a fortaleza e o bom ânimo que te fizeram conhecido ao longo da vida.

Por meio de tuas orações e intercessão, concede-me a graça de suportar todas as cruzes que Deus me enviar, com paciência e alegria.

Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai...

Glorioso Santo Thomas More, imploro que defendas minha causa, confiante de que advogarás por mim diante do trono de Deus com o mesmo zelo e diligência que assinalaram tua vida na terra. Se for da vontade de Deus, concede-me o favor que te peço, ou seja, _______.

V. Roga por nós, ó Bendito Santo Thomas More.

R. Para que te sigamos fielmente no árduo caminho que conduz à porta estreita da vida eterna.

 

Oitavo dia

Caríssimo Santo Thomas More, em tua vida terrena, foste filho leal de Deus e rebento inabalável da Igreja, sem jamais tirar os olhos da coroa por que lutaste. Mesmo diante da morte, confiaste a vitória em Deus, e Ele o recompensou com a palma do martírio.

Por meio de tuas orações e intercessão, concede-me e aos meus a graça da perseverança final e protege-nos da morte súbita e não cuidada, para que possamos um dia desfrutar da visão beatífica em tua gloriosa companhia.

Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai...

Glorioso Santo Thomas More, imploro que defendas minha causa, confiante de que advogarás por mim diante do trono de Deus com o mesmo zelo e diligência que assinalaram tua vida na terra. Se for da vontade de Deus, concede-me o favor que te peço, ou seja, _______.

V. Roga por nós, ó Bendito Santo Thomas More.

R. Para que te sigamos fielmente no árduo caminho que conduz à porta estreita da vida eterna.

 

Nono dia

Caríssimo Santo Thomas More, viveste a tua vida terrena preparando-te para a vida futura. Tudo o que suportaste te preparou não apenas para a glória que Deus haveria de te conceder no Céu, mas também para o teu ofício de padroeiro dos advogados, juízes e políticos, assim como o de fiel amigo de todos os que te invocam.

Por meio de tuas orações e intercessão, socorre-nos em todas as nossas necessidades, tanto as corporais como as espirituais, e a graça de seguir teus passos, até que por fim estejamos em segurança contigo nas mansões que o Pai tem-nos preparado no Céu.

Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai...

Glorioso Santo Thomas More, imploro que defendas minha causa, confiante de que advogarás por mim diante do trono de Deus com o mesmo zelo e diligência que assinalaram tua vida na terra. Se for da vontade de Deus, concede-me o favor que te peço, ou seja, _______.

V. Roga por nós, ó Bendito Santo Thomas More.

R. Para que te sigamos fielmente no árduo caminho que conduz à porta estreita da vida eterna.

domingo, 24 de abril de 2022

O dia a dia de Santo Thomas More

Trecho da Carta de Thomas More para Peter Giles.


"A maior parte do meu dia é dedicada à lei - ouvir alguns casos, defender outros, negociar terceiros, e decidir sobre ainda outros. Preciso visitar tal pessoa devido à sua posição social; esta outra por causa do seu processo na justiça; e assim quase todo o dia é dedicado aos assuntos alheios e apenas o que sobra, aos meus interesses; e para mim, ou seja, para os meus estudos, nada resta.

Quando volto para casa, devo conversar com minha mulher, com os meus filhos, tratar com os empregados. Tudo isso considero parte das minhas obrigações, pois são coisas que precisam ser feitas a não ser que se queira ser um estranho na própria casa. Além disso, um homem tem a obrigação de comportar-se o mais gentilmente possível com relação àqueles que a natureza, o acaso ou a sua própria escolha fizeram companheiros da sua existência. Naturalmente, não se pode estragá-los com familiaridade ou, pela tolerância excessiva, transformar os empregados em patrões, E assim, no meio dessas preocupações, escoa-se o dia, o mês e o ano.

Então, qual o tempo de que disponho para escrever? Especialmente porque ainda não inclui o sono e mesmo as refeições; muitos dedicam às suas refeições o mesmo tempo dado ao sono, que devora quase metade das nossas vidas. O tempo que me pertence é o que consigo roubar ao sono e à alimentação."

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Livro - A vida do servo de Deus Marcel Van

A vida do servo de Deus Marcel Van

A vida de Marcel Van é simples e ao mesmo tempo extraordinária. Durante a sua infância sofreu bastante, mas a sua fé foi fortalecida naquele tempo de provações e ele teve a graça de receber muitos chamados internos de Jesus, de Maria e de Santa Teresa do Menino Jesus.

Em muitas ocasiões, a Virgem Maria falava com ele, e ele a chamava afetuosamente de mãe ou de mamãe. Todos os dias desde criança rezava o rosário por Nossa Senhora, pedindo-a ajuda para resolver seus problemas e necessidades. [...] Santa Teresinha do Menino Jesus lhe aparecia com frequência, e ele a considerava uma verdadeira irmã. Ela o ensinou a amar a Deus Pai com simplicidade e humildade de coração.

Deus derramou muitas graças especiais na vida de Van. Ele queria morrer mártir para demonstrar o seu amor por Jesus, a quem já tinha se oferecido como vítima em nome de seu amor. Na verdade, ele morreu como um mártir, exausto e enfraquecido pelas condições lamentáveis de um campo de concentração comunista em seu país, o Vietnã.

Ficha Técnica:
ISBN: 9786599273629
Editora: Santo Thomas More

Dimensões: 13.50 x 21.00 cm
Páginas: 120
Idioma: Português
Para comprar: LivrariaBenedictus

Excerto do livro "A vida do servo de Deus Marcel Van".

"Certa feita, minha irmã Santa Teresinha me levou para passear no sopé da montanha. Ela falou comigo, rindo alegremente, e eu esperava ouvir coisas muito agradáveis dela. Mas depois de algumas palavras sobre a beleza da grama e das nuvens, ela de repente me disse:

— Van, meu irmãozinho, tenho uma coisa para lhe contar, mas temo que isso vá entristecê-lo.

— Oh, santa e querida irmã! Como posso ficar triste, se estou com você? Você já me viu triste por causa de suas palavras?

— É verdade, mas hoje eu sei que, de qualquer maneira, você vai ficar triste, e muito triste... Por isso, antes de falar com você, gostaria de pedir sua autorização. E agora, você pode me prometer que não vai ficar triste? Com esta condição, ousarei falar com você.

— Irmã, eu prometo a você.

— Nesse caso, eu vou lhe dizer. Van, meu querido irmãozinho, Deus me fez saber que você não será um padre.

— Isso é mesmo verdade, irmã?

Me desfiz em prantos. Mas por quê? Por quê? Como não serei padre? ... Não! Não! Jamais me conformarei em viver sem ser padre. Quero ser padre para rezar missa, ir pregar religião, salvar almas e buscar a glória de Deus ... Sim! É uma coisa já decidida, tenho que ser padre!

— Van, espere um pouco antes de chorar. Ainda não te contei tudo, irmãozinho. Sim, tornar-se padre não é difícil; por mais que eu tenha lhe dito que você não seria um padre, isso não significa que você não poderia ter se tornado um. Por outro lado, quem se atreveria a orgulhar-se de ser digno da vocação sacerdotal? Consequentemente, se Deus deseja que seu apostolado aconteça em outro estado de vida, o que você pensaria disso? Eu também não desejei, em outra época, ser sacerdote para ir pregar o Evangelho? No entanto, Deus não quis assim.


sexta-feira, 15 de abril de 2022

CRUZ OU CRUCIFIXO? Dom Fulton Sheen




"Se a Cruz é o símbolo do problema da Dor, o Crucifixo é o símbolo da solução desse problema. A diferença entre a cruz e o Crucifixo está em Jesus Cristo. Desde o instante em que Nosso Senhor, que é o Divino Amor, foi pregado na Cruz, mostrou-nos que a dor pode transformar-se num sacrifício radioso graças ao amor; que podem colher frutos de alegria os que semeiam com lágrimas; que os aflitos serão consolados; que irão reinar com Ele nos Céus os que sofreram com Ele na Terra; que todos quantos tomaram aos ombros as sua cruzes durante o breve tempo de uma Sexta-Feira da Paixão da vida terrena, gozarão a bem-aventurança durante a eternidade de um Domingo da Ressureição."
Dom Fulton Sheen, O Eterno Galileu 

quarta-feira, 13 de abril de 2022

Jacques Fesch - Diário - TUDO VER À LUZ DA PAIXÃO DE JESUS

Quem foi Jacques Fesch? Parece um enredo fictício de livro ou filme de drama; a história, porém, é real. Você não será o mesmo-eu garanto - após ler a vida e o diário de Jacques Fesch. Este jovem, rico, bonito, com futuro promissor, ver-se-ia preso nas teias das seduções mundanas (dinheiro, sexo, bebidas, prazeres) e insatisfeito com tudo e consigo, comete uma loucura tão propensa aos jovens... Fesch nasceu em 1930, em Saint Germain-en-Laye, uma cidade nos arredores de Paris. Casou-se com Pierrette Polack e teve uma filha, a linda Verônica. Porém, teve outro filho fora do casamento, chamado Gerard Fesch. Frustrado com sua vida, deseja se lançar em uma aventura: viajar pelo mundo em um veleiro. Para isso, pede dinheiro aos seus pais, que lhe recusam devido à sua irresponsabilidade. Com alguns amigos, planeja um assalto; seus amigos, porém, o abandonam no meio do ato e ele se vê desnorteado; ataca o dono da loja e, na fuga, acerta um tiro em cheio no coração de um policial. A pressão política e social foi enorme. Todos queriam sua condenação. Aos 27 anos, Jacques se vê condenado à morte por guilhotina. Na prisão é atendido por um advogado católico. Jacques debocha de sua Fé. Sua esposa que havia sido abandonada o visita e vê que, ao longo dos dias, sua fisionomia e estado de espirito vão mudando. Fesch de súbito converte-se! Ele teve uma graça extraordinária. Seu diário relata exatamente isso. Acreditamos que a vida de Jacques Fesch possa servir para mudar corações que passam por momentos de fraquezas e tristezas. Este é o nosso desejo!

Para comprar: Amazon  ; Livraria Benedictus


A Editora Santo Thomas More nos autorizou a publicar esse trecho.


TUDO VER À LUZ DA PAIXÃO DE JESUS

Sexta-feira, 13 de setembro

 

Meditei muito na Paixão esta manhã e dela tirei muitas forças. Aliás, importa notar que me aproximo um pouco mais de Jesus Crucificado, pois também eu, embora inteiramente indigno, vou ter a graça de viver o meu pequeno Gólgota. Quando vejo que eles escarraram em Cristo e lhe deram bofetadas, eu me vejo nas mãos dos agentes a receber pancadas e escarros, e compreendo melhor os sofrimentos de Jesus. A justiça, e as estiradas oratórias, as indignações fictícias dos mercenários a soldo do diabo que se chama dinheiro, publicidade e oportunismo, fazem-me pensar em Caifás a rasgar as suas vestes para manifestar sua indignação! Bem entendido que eu sou, culpado e em nada me pretendo pôr em paralelo com Jesus. Só que, quem compreenderá melhor a crucifixão e todas as dores que ela implica, do que o bom ladrão que estava pregado no madeiro ao lado do meu Salvador? E para quem Jesus Cristo veio, na realidade? É preciso não esquecer que o primeiro eleito foi um bandido, executado como tal, e que os bem-comportados ou os que se julgam como tais, se viram tratados por sepulcros caiados de branco por fora e podres por dentro e por outras coisas do gênero! Que dizer, então? Que é preciso ser um criminoso para ser um eleito? De modo algum! Só que este mesmo pária que pecou, muitas vezes sem ter toda a responsabilidade dos seus atos, encontrará no seu arrependimento e no sofrimento, e sobretudo na consciência da sua miséria, um caminho mais direto para chegar ao Coração de Jesus. O bem-comportado, esse se contentará com o pouco e, julgando-se justo aos olhos da sociedade, será persuadido de que será julgado da mesma forma por seu Pai Celeste.

“Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós somos fracos e vós fortes; vós nobres, e nós desprezíveis. Até esta hora, sofremos fome, sede e nudez; somos esbofeteados, andamos vagabundos, e cansamo-nos a trabalhar com as nossas mãos. Amaldiçoados, bendizemos; perseguidos, suportamos; difamados, consolamos. Tornamo-nos como o lixo do mundo, a escória de todos até agora” (1 Coríntios 4, 10-13).

No fundo de mim mesmo, sinto com intensidade toda a injustiça e estupidez dos juízos humanos. Muitas vezes gostaria de dar livre curso aos meus rancores, demonstrar a vaidade e a presunção dos que se atrevem a julgar; e imediatamente, vejo o próprio Jesus, o amor feito homem a sofrer, sem uma única palavra, os piores ultrajes, as piores injustiças e engulo a minha raiva, entregando toda a justiça às mãos do meu Deus, e alegrando-me por eu mesmo ter também qualquer coisinha a oferecer, em reparação dos pecados. É simplesmente necessário que eu me prepare para bem morrer, que não resista em nada à Vontade de Deus e que abandone toda a preocupação, todo o temor, nas mãos de Jesus, que me conduzirá “Sem que meu pé choque com a pedra” do redil celeste, em que as pastagens são tão abundantes. Que força não tiraremos então de Jesus crucificado?

“A própria inocência foi condenada à morte, como responsável de crimes odiosos; o salvador de Israel e do mundo foi proclamado, a face de todos, um perigo e uma ruína por aqueles que mais O deviam amar! Ó lição formidável para o orgulho da razão humana! Ó consolação inefável para as almas que se sentem esmagadas sob o peso da injustiça, da calúnia e da perseguição! Haverá porventura um momento mais próprio para repetir, com o Príncipe dos Apóstolos de joelhos, diante do Mestre abandonado: “A quem iremos nós, para encontrar a luz e a força, uma vez que só vós tendes palavras de vida eterna?” (São João 6, 68).

Cada ato, cada momento da minha execução e de seus preparativos, devo relacioná-los com Jesus. Que bela imitação a fazer! A longa expectativa, sozinho na noite, será a minha agonia no Jardim das Oliveiras; os preparativos, o caminho para o Calvário e, enfim, o instrumento de morte... Jesus conheceu a angústia, eu também a conheci; mas estou certo de que, aconteça o que acontecer, o próprio Jesus me dará a força para vencer toda essa angústia. E como é que Jesus sofreu?

“Agora, diz Ele, a minha alma está perturbada”. Por consequência, será que um véu lhe caiu dos olhos, mostrando-lhe toda a profundeza do abismo em que iria cair? A resposta não é difícil, por pouco que se reflita. Até esta hora, a morte estava à distância: agora, estava ali mesmo à mão, para se apoderar da sua vítima, e o frio do seu hálito enregelava a fronte de Jesus. Ele não teria verdadeiramente sido homem, se não tivesse impressionado tanto, quanto as circunstâncias da sua imolação se apresentavam ao seu espírito com essa particular clareza que provoca a aproximação da última hora. Sem esforço algum para as definir, Ele mesmo via ou antes, as adivinhava a todas e cada uma delas ao mesmo tempo, assaltado como que por um voo de aves fúnebres cujos gritos e agitações eram para Ele uma fadiga insuportável. A morte aí estava: sem nunca a ter receado, é natural que estremeça com a sua aproximação e que se sinta com uma verdadeira pena ou dificuldade, pela grande confusão com que se lhe apresenta. E como nota São Jerônimo: “Se Ele não tivesse tido essa emoção tão natural ao homem, não teria sido suficientemente experimentado a realidade da sua Encarnação”. Por isso se perturbou sem medida por quatro paixões diferentes: pelo aborrecimento, pelo temor, pela tristeza e pelo definhamento. O aborrecimento lança a alma numa certa pena e mesmo dor que faz com que a vida seja insuportável e que todos os momentos sejam difíceis de suportar; o temor apavora a alma até as suas profundezas, pela imagem de mil tormentos que a ameaçam; a tristeza cobre-a com um espesso véu, que faz com que tudo lhe pareça uma morte; e, enfim, esse definhamento, esse fracasso é uma espécie de acabrunhamento e como que um desalento de todas as forças. Eis o estado do Salvador das almas, no Jardim das Oliveiras! Todos os estremecimentos da nossa carne, todas as agitações do nosso espírito, sentiu-os o próprio Jesus Cristo, com a única diferença de que a sua razão se não deixará perturbar, e a emoção, por violenta que tenha sido, jamais conseguirá dominar-lhe a vontade”.

De momento, eu não sofro de forma alguma, por saber a morte tão próxima; vivo apenas o momento presente. Quando o tempo vier, será provavelmente necessário que eu beba na angústia o cálice inteiro.

Instagram: editorathomasmore