05 criminosos convertidos e salvos
“Todo santo é um
homem antes de ser santo. E um santo é feito a partir de todo tipo de homem” G.
K. Chesterton
Assim como o ouro
é matéria-prima para as jóias, a humanidade é matéria-prima para se fazer
santos. E, segundo Chesterton, Deus pode fazer um santo a partir de qualquer
tipo de homem.
Cristo veio fazer
dos pecadores filhos de Deus. A Igreja Católica, guiada pelo Espírito Santo,
ensina que a misericórdia deve andar junto com a justiça, e que nenhum crime
passará impune, mas lembra que pecado nenhum é maior do que a misericórdia de
Deus e que no maior dos assassinos ainda há um fio do Criador.
Muitos homens
maus encontraram a luz no fim do túnel, arrependeram-se e abraçaram a morte com
ternura. A justiça de Deus transcende nosso entendimento e Seu perdão é
infinito, basta uma contrição sincera e um desejo de estar com Ele no Céu. Há
santos e beatos que em vida cometeram ações terríveis, como assassinato. Eles
são a prova de que Deus permite um mal para que seja feito um bem maior.
O apóstolo São
Paulo, que foi um desses homens, explica na carta aos Romanos que não há um
justo sobre a terra, mas que é Cristo que justifica aquele que apela à fé. E
“tendo sido justificado, pela fé, estamos em paz com Deus por meio de Nosso
Senhor Jesus”. Outro grande exemplo foi São Dimas, o ladrão que estava crucificado ao lado de Jesus e que se arrependeu e foi perdoado por Jesus.
Apresentamos a
você alguns desses homens ímpios que foram presos por seus crimes, apelaram à
fé e foram salvos. Assassinos e viciados, encontraram em Cristo uma saída para
as trevas interiores:
São Mark Ji Tianxiang
“Feliz o homem que sofre tentação, pois após ter sido
provado receberá a coroa da vida" (Tiago I,12). A Coroa dos Mártires foi
desejada por muitos santos, pois o martírio purifica os pecados. São Mark Ji
Tianxiang foi um dos coroados.
Nascido no século XIX, Mark foi líder cristão chinês e
médico que atendia os pobres de graça. Depois de ter um problema estomacal,
teve que se tratar com uma droga chamada ópio, mas acabou se viciando - algo
vergonhoso na região.
Sempre que usava, ele procurava o perdão. Confessou-se
tantas vezes que o padre confessor julgou que ele não estava levando a
penitência a sério e negou a absolvição - a confissão é inválida quando não há
propósito de não pecar. Não era o caso. Mark estava, de fato, doente.
A atitude do padre afastaria muitos da fé. Mas, longe dos
sacramentos, Mark pensou em algo que pudesse lhe fazer chegar a Cristo.
Lembrou-se da coroa dos Mártires, única forma de salvação restante.
Ele orou para se tornar mártir e sua chance chegou em
1900, quando os Rebeldes Boxer começaram a se voltar contra os cristãos. Nessa,
Mark foi preso com seu filho, netos e noras. Os cristãos presos se enojaram com
a presença do viciado. Ainda assim, determinado a encontrar o Mestre, ele não
negou ao Senhor.
A Medicina da época não tinha recursos para lhe ajudar,
por isso ele morreu sem se livrar do vício. Mesmo assim alcançou a graça
extraordinária da perseverança. Ji seria executado com sua família. Ao ser
questionado pelo neto aonde iriam, ele respondeu: “para casa”.
Ele implorou que o matassem por último e ficou ao lado dos
familiares decapitados para que não morressem sozinhos. Chegando sua vez,
cantou as Ladainhas da Santíssima Virgem e morreu serenamente. Sem comungar por
30 anos, não se esqueceu da carta de São Tiago. Abraçou o martírio e foi
abraçado por Cristo.
Mark Claude Newman
“Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes”.
Nossa Senhora provou que ama os mais simples. Diversas vezes fez visitas à
pessoas ignorantes na fé, como Claude Newman, nos Estados Unidos.
Diferente do chinês Mark Ji, Newman pouco sabia sobre a fé. Nasceu em 1923, em Arkansas, e viveu na
casa da sua avó. Negro, num país com ideologias racistas, ainda a criança,
trabalhou nos campos de algodão.
Ele foi preso e condenado à morte aos 19 anos, depois de
matar o marido de sua avó, Sid Cook. Newman descobriu que ela foi espancada
pelo marido e se vingou.
Na prisão, ele conversava com alguns prisioneiros. Um
deles, que era católico, usava um pingente no pescoço. Newman quis saber o
significado, mas o prisioneiro, não soube responder. Vendo que o pingente
chamou a atenção, o prisioneiro disse: “tome isso”.
Era a Medalha Milagrosa, devoção famosa que se originou na
França. Newman não sabia disso, mas adorou o presente. Naquela noite a Virgem
lhe visitou, acordou-o e disse: “Se quer ser meu filho, chame um padre da
Igreja Católica”. E desapareceu. Era a mulher mais linda que ele já viu.
O padre Robert O'Leary foi chamado. Ele começou a ensinar
o catecismo ao rapaz, que contagiou outros na cela. Quando o padre foi ensinar
sobre os sacramentos, Newman relatou que Nossa Senhora lhe ensinou sobre
Confissão e Eucaristia, e falou o que ela havia dito. O padre, de princípio,
estava cético quanto à visita da Virgem, mas depois disso, acreditou no
prisioneiro.
Newman mudou o clima hostil na prisão. Havia um rapaz que
não ia muito com sua cara. Seu nome? James Hughes. De resto, todos gostavam
dele e chegaram a pedir que sua condenação fosse adiada por duas semanas.
Isso entristeceu Newman. Seu desejo de alcançar o Céu o
fez desejou a morte. “Se tivesse visto o rosto de Dela, e olhado em Seus olhos,
não gostaria de permanecer neste mundo outro dia”. Disse Newman ao padre, que
lhe orientou a oferecer cada minuto separado de Maria em oferta à conversão de
Hughes. Ele fez isso e morreu feliz.
Hughes continuou mal até o dia de sua morte. Todos
esperavam sua conversão. Quando estava para morrer, ele blasfemou
grosseiramente, mas, no último segundo, pediu para chamar o padre. Hughes
confessou seu abandono da fé, seus pecados horrorosos. Ao padre, ele relatou
que Claude Newman lhe apareceu e disse: "Ofereci minha morte em união com
Cristo na cruz para sua salvação”. Isso fez Hughes se arrepender.
Talvez por isso a passagem de Mateus fala para que seja
feita visita aos presidiários, Deus quer usá-los para conversão dos maus, e por
isso pedimos intercessão de Claude Newman, que honrou seu nome e fez de Hughes
um novo homem.
Alessandro Serenelli
“Quero vê-lo perto de mim no céu”, foi o
que disse Santa Maria Goretti antes de morrer e se referia a Alessandro
Serenelli, um camponês italiano que nasceu em 1882.
Ele perdeu a mãe ainda quando
recém-nascido e o pai alcoólatra era ausente demais para preencher o vazio de
sua alma. Na sua família, a mais pobre da região, muitos tinham distúrbios
mentais e ele cresceu pertubado.
Aos 20 anos, sem conseguir equilibrar os
pensamentos, ele começou a nutrir um desejo sexual por Marieta Goretti, de 11
anos. Ela negou duas vezes, então ele decidiu estuprá-la. Maria Goretti
resistiu dizendo que isso ofende a Deus, mas o rapaz, frustrado, feriu a jovem
11 vezes com uma faca. Ele foi preso e ela, no hospital, antes de morrer, disse
que o perdoava e queria vê-lo no céu.
Demorou muito para Alessandro demonstrar
arrependimento, e nas prisões que frequentou se podia ver quão cínico e frio
ele era. Um padre tentou ao máximo amolecer o coração daquele pecador, já que
era o desejo da santa. Certa vez, o sacerdote deu a Alessandro alguns livros
católicos para se distrair. Ele deu uma olhada e notou um livrinho pequeno de
Maria Goretti, que já era conhecida nas províncias. Ao ler a maneira brusca
como aconteceu, lembrou-se da cena com vergonha, notou o monstro que era e
chorou pela primeira vez.
Culpado pelo que fez, ele chegou a ser
confortado em sonho por Maria Goretti. Anos depois, ele foi visitado pela mãe
da Santa que disse que lhe perdoava. Foi uma cena linda, ambos comungaram e se
ajoelharam juntos. Os dois estiveram na canonização de Goretti em 1950. O
assassino arrependido pôde presenciar o Papa Pio XII perguntar aos jovens
presentes: "Jovens, prazer aos
olhos de Jesus, estão determinados a resistir a todos os ataques à castidade
com a ajuda da graça de Deus?". A resposta foi um grande "sim".
Henri Pranzini
Em 17 de março de 1887, um assassinato
brutal tomou conta dos jornais franceses e afetou a população de Paris. Henri
Pranzini, um aventureiro e poliglota tradutor da França, entrou para assaltar
um cofre num apartamento, mas não conseguiu. Frustrado, roubou as joias de
quatro vítimas e fugiu. A cena presenciada pela polícia era de três mulheres com as gargantas
decapitadas e uma garota com os dedos da mão direita cortados, junto a uma poça
de sangue coagulado no tapete da sala e a marca do pé do assassino.
Henri Pranzini foi encontrado, preso e
odiado por toda população. Os jornais faziam circular a notícia de que Pranzini
foi condenado a pena de morte. Uma menina muito dócil chegou a ler a matéria em
um desses periódicos e sentiu que devia rezar pela alma dele. Seu nome? Teresa
de Lisieux, a Santa Teresinha do Menino Jesus. Ela meditou no Manuscrito A de
sua História de Uma Alma, que, vendo o sofrimento de Jesus na Cruz, gostaria de
dar de beber àquele que disse: “tenho sede”. Cristo estava sedento de almas e
Teresinha queria ajudá-Lo: “Queria dar de beber a meu Bem Amado e sentia-me
devorada pela sede das almas”. Ela disse que ardia pelo desejo de arrancar as
almas dos grandes pecadores das chamas eternas.
Teresinha quis a todo custo impedir
Pranzini de cair no inferno que usou todos os meios imagináveis. Mas, sentindo
que por ela mesma nada poderia, ofereceu a Deus os méritos infinitos de Nosso
Senhor e os tesouros da Santa Igreja; mandou, por meio de sua irmã Celina,
celebrar uma missa, pois não queria ser obrigada a dizer que era para o grande
criminoso. Teresa, depois que Celina insistiu, explicou a intenção, e ficou
feliz por sua irmã ter apoiado a “converter meu pecador”.
A Santa recebeu a notícia, por meio do
Jornal “La Croix”, de que Henri Pranzini, antes de ser guilhotinado,
arrependeu-se e disse, pegou um crucifixo e o beijou três vezes.
Jacques Fesch
“Em cinco horas verei a Jesus”. Frase escrita por Jacques
Fesch em seu diário antes de morrer, ele foi um assassino convertido pela
intercessão de Teresinha de Lisieux, que, já no céu, ainda estava sedenta de
tirar almas pecadoras do inferno e dá-las a Jesus.
Nascido na França, em 1930, foi criado num lar católico
mas de pouco fervor, abandonou a fé aos 17 anos. Os alunos com quem estudou
diziam que ele não era interessado e faltava demais. Aos 21, engravidou uma
jovem chamada Pierrette, mas, tempos depois, largou o emprego no banco de seu
pai, abandonou a esposa e a filha e alimentou uma vida imoral, tendo tido um
filho com outra mulher. Jacques quis fugir em um Veleiro pelo Oceano Pacífico,
mas como seus pais se recusaram a pagar a viagem, em 1954, tentou roubar um
comerciante de moedas de ouro, sem êxito. Para escapar, atirou no policial que
o perseguia e o matou. A Corte Francesa o condenou à morte em 1957.
Na prisão, de início, Jacques se mostrava indiferente,
mas, por intermédio de seu advogado católico, de quem ele zombava nas primeiras
visitas, começou a criar uma vida intelectual, impressionando a si mesmo, que
era desinteressado na escola. Começou a ler e a escrever e sua jornada
intelectual o levou a uma jornada espiritual. Teve contato com muitos santos e
se deparou com a História de um Alma, de Santa Teresinha. Ela o ajudou muito em
sua conversão, pois o assassino, assim como Henri Pranzini, começou a amolecer o coração. Disse:
“Acabei de ler o livro de Santa Teresinha. Que linda Santinha. E como está tão
próxima de nós. É necessário ser como as criancinhas e fazer o que elas fazem”.
Santa Teresinha chamou um criminoso de “meu pecador”.
Jacques, que voltou a ser uma criança e começou a se apaixonar fortemente por
Jesus, chamava a santa de “minha Teresinha”. Ele se arrependeu amargamente de
seu crime e aceitou seu castigo serenamente. Teve tempo de se unir em
Matrimônio Religioso com sua esposa um dia antes de sua execução. A última
anotação em seu diário diz “em cinco horas, verei Jesus”. Morreu na guilhotina
em primeiro de outubro de 1957, dia de Santa Teresinha, e existe um movimento
internacional que pede a abertura do processo de beatificação.
Quer ler a vida de Jacques Fesch? - Confira: https://www.amazon.com.br/Em-Cinco-Horas-Verei-Jesus/dp/8553019187
Conclusão
Os méritos desses criminosos não estão no crime, mas no arrependimento, pois eles mostram que a salvação é possível. Cristo está na cruz até o fim dos tempos e ele está esperando o último pecador se arrepender para sair de lá. Tiremos o Cristo da cruz, anunciemos aos oprimidos a Salvação, proclamemos ao mundo que ele tem um Salvador.
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